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sábado, 13 de outubro de 2012

A COLETA SELETIVA DE LIXO II

Para denunciar a situação dos catadores e catadoras de lixo, foi lançado em 2006 o documentário “Estamira”, realizado pelo cineasta brasileiro Marcos Prado, o qual enfoca uma mulher do povo, catadora de lixo no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, situado na Baixada Fluminense. 

A protagonista, a qual frequentou por muito pouco tempo a escola, adverte para o fato de que, é preferível não ser uma pessoa “normal” do que se enquadrar, hipocritamente, na vida burguesa banal. Ela é mãe de três filhos e reside sozinha, em um barraco de chão batido, do qual se orgulha, uma vez que o conseguiu com o seu trabalho de garimpar o lixo. 

Conforme comenta Ramos (2008): 

Em sua vontade de ser vista e ouvida, Estamira repete que veio ao mundo para “revelar a verdade”. Em seu discurso, através de metáforas, evidencia sua revolta e sua descrença em Deus. Ela o define de “poderoso ao contrário” e se julga mais sábia que Ele. Que Deus é esse? Que Deus é esse que só fala de guerra e não sei o quê? Não é Ele que é o próprio trocadilho? Só pra otário, pra esperto ao contrário, abobado, abestalhado. Quem já teve medo de dizer a verdade, largou de morrer? Largou? Quem andou com Deus dia e noite, noite e dia na boca ainda mais com os deboches, largou de morrer? Quem fez o que Ele mandou, o que o da quadrilha dele manda, largou de morrer? Largou de passar fome? Largou de miséria? Ah, não dá!

Estamira

Aparentemente psicótica, Estamira, em seus discursos apocalípticos, mostra uma lucidez impressionante. Como ela declarou as filmagens no lixão: “Existe a lucidez e a ilucidez. A gente aprende alguma coisa de tanto lucidar”. (FELÍCIO, 2010)

A organização dos catadores em associações e cooperativas no campo da economia solidária é um movimento social de resistência, o qual tenciona formalizar a coleta seletiva. Portanto, o desafio que está colocado hoje é o de realizar uma reflexão acerca das possibilidades de desenvolver práticas sustentáveis de economia solidária em mercados capitalistas, bem como da capacidade do MNCR de impor-se enquanto movimento social. 

Com efeito, a organização de catadores em cooperativas representa uma alternativa às políticas de emprego convencionais e à busca de práticas de promoção da sustentabilidade ambiental com inclusão social. 

É muito importante salientar o fortalecimento das redes sociais de apoio, os esforços de capacitação e de modernização tecnológica, assim como a necessidade de aproveitar o momento político favorável para consolidar as políticas públicas e os processos de capacitação, além de ampliar o espaço de barganha, tanto com o Estado quanto com a iniciativa privada. 

Por fim, é preciso dizer que o atual modelo de coleta seletiva não é sustentável, além de não ter ainda consistência suficiente para se consolidar.

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O premiadíssimo trabalho do diretor Jorge Furtado realizado em 1989 conta a história de um japonês, o Sr. Suzuki, plantador de tomates na região de Porto Alegre. Dona Anete, vendedora de perfumes, percorre a cidade em busca de consumidores para suas mercadorias. De tais vedas, surge o lucro. Com o lucro, Dona Anete vai a um supermercado de Porto Alegre e compra tomates e carne de porco. No documentário, muitas informações foram apresentadas através de uma linguagem científica com a intenção de “igualar” o ser humano por meio de descrições que denotam a raça humana. Em contrapartida, mostra o desigual tratamento dado aos “iguais” seres humanos, colocando-os inferiores aos porcos.

ESTAMIRA - BRASIL – 2006 121 min

Documentário. Estamira conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e trabalha há mais de vinte anos no aterro sanitário do Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de oito mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, a personagem central do documentário levanta de forma íntima questões de interesse global, como o destino do lixo produzido pelos habitantes de uma metrópole e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável de ser vivida.

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