Autor: Leonel de souza Neto
O Jean-Paul Sartre chamou de "má fé". Em termos muito simples, "má fé" consiste em simular que alguma coisa é necessária, quando na verdade é voluntária. Assim, a "má fé" constitui uma fuga de liberdade, uma desonesta evasão à "agonia da opção". A "má fé" se manifesta em inumeráveis situações humanas, desde as mais corriqueiras até as mais catastróficas. O garçom que tira seus turnos de trabalho num restaurante age de "má fé" na medida em que finge a si mesmo que seu papel de garçom constitui sua existência real, que, pelo menos durante as horas em que trabalha, ele é o garçom. A mulher que permite que seu corpo seja seduzido passo a passo, enquanto continua a manter uma conversa inocente, age de "má fé", na medida em que simula que o que está acontecendo a seu corpo não está sob seu controle. O terrorista que mata e se desculpa, dizendo que não tinha alternativa porque o partido lhe ordenou que matasse, age de "má fé", porque finge que sua existência está necessariamente ligada ao partido, quando de fato essa ligação é a consequência de sua própria opção. Pode-se constatar facilmente que a "má fé" recobre a sociedade como uma película de mentiras. Contudo, a simples possibilidade de "má fé" mostra-nos a realidade da liberdade. O homem só pode agir de "má fé" porque é livre e não deseja encarar sua liberdade. A "má fé" é à sombra da liberdade humana. Sua tentativa de fugir a essa liberdade está fadada à derrota. Porque, como Sartre se expressou, estamos "condenados à liberdade".
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Leonel Neto